QUAL SERÁ O FUTURO DA INDÚSTRIA DO GAME NIPÔNICA?Postagem patrocinada pelo "BaixaKi.com.br"
Durante os anos 80, com o lançamento do inesquecível Nintendinho (Famicom), ícones como Mario, Zelda e Metroid colocaram definitivamente o Japão no mapa dos grandes produtores de games. Não apenas isso. Ao longo de duas longas décadas, o know-how nipônico simplesmente ditou padrões para toda a indústria de games. Desde os saltos tecnológicos até a bagagem cultural dos jogos, tudo levava a marca de gigantes incontestes como SEGA e Nintendo.
Mas as raízes para esse salto de expressividade não estavam exatamente nos games, mas em todo o contexto socioeconômico do país. Durante a década de 80, o Japão atravessava um verdadeiro boom econômico, o que resultou em uma classe média — filão típico dos games — com cada vez mais poder de compra.
Mas algo parece ter ocorrido recentemente. Mais precisamente, após a virada do milênio, o poderio da indústria ocidental passou a roubar cada vez mais terreno da indústria japonesa — algo que já havia dado sinais durante a longa vida útil do primeiro PlayStation. Principalmente no que tange o desenvolvimento de softwares, a indústria japonesa experimenta, desde 2001, considerável estagnação — o que tornou os mercados americano e europeu duas vezes maiores.
A tendência à derrocada da indústria japonesa é endossada até mesmo por dois dos mais reconhecidos desenvolvedores da indústria nipônica. Primeiro, foi Keiji Inafune, o cérebro por trás de Mega Man, Lost Planet e Dead Rising. Recentemente, o coro foi engrossado por Tomonobu Itagaki, criador das séries Dead or Alive e Ninja Gaiden.
Em entrevista à revista EDGE, Itagaki afirmou que concorda com Inafune. “O Japão não conseguiu importar o capitalismo, ou melhor, não conseguiu apreender as lições do capitalismo sobre uma economia de livre comércio”. Itagaki conclui ainda que se trata de um mal geral do modelo de negócios japonês. Ao final, afirmou que já havia sido convidado para entrar para política, concluindo que é necessário um líder forte no Japão... Enfim.
Inclinações políticas à parte, o fato é que os números não mentem. Segundo divulgação da Enterbrain, editora da revista japonesa Famitsu, com a crise do primeiro semestre de 2009, o mercado de jogos japonês encolheu 6,9% em relação ao ano anterior que, por sua vez, já tinha diminuído em 15,3% em relação a 2007. Mas também existem sinais de recuperação, caso se compare os segundos semestres de 2009 e 2008. Afinal, qual é futuro da indústria que simplesmente moldou os games como eles são hoje?
O jeito japonês de se fazer as coisasUma fórmula forte que dá sinais de cansaço
Os germes da possível derrocada do mercado japonês de jogos podem estar justamente naquilo que construiu a sua hegemonia por tantos anos. Durante as primeira gerações de consoles — particularmente, a terceira geração, que marcou o “pulo do gato” nipônico —, todo o setor de games era ditado quase que exclusivamente pelo desenvolvimento de hardware.
Isso conduziu à fórmula que ditou os rumos da indústria de games por muitos anos. Basicamente, desenvolvedoras de consoles japonesas, beneficiando-se de uma ligação estreita com algumas das mais expressivas empresas de tecnologia, garantiam que seus consoles desembarcassem com o que havia de mais moderno. Os jogos eram apenas uma consequência do poderio crescente das plataformas.
O domínio dos softwares
Mas isso acabaria mudando. Segundo o estudo The Video Game Cluster in Japan, o controle rumou ao longo dos anos para o lado dos softwares. Inegavelmente, hoje os jogos multiplataforma são mais comuns do que já foram um dia. “A falta de contratos de exclusividade pode ser a ameaça à sustentabilidade dos fabricantes de hardware”, afirma o estudo citado.
Dessa forma, os desenvolvedores passaram a ganhar taxas sobre jogos vendidos para as suas plataformas, tornando a escolha de um console algo cada vez mais independente. Em outras palavras, você não precisa mais comprar um consoles específico para jogar aquele seu título predileto, já que ele agora provavelmente estará disponível em outras plataformas também, certo? Mas o estudo aponta ainda outros motivos
Existem menos crianças no Japão?
Outro indício apontado pelo estudo The Video Game Cluster in Japan como justificativa do declínio da produção de jogos nipônicos é a decrescente taxa de natalidade japonesa — algo bastante comum em um país desenvolvido. Sendo a grande maioria dos jogadores japoneses composta por crianças, é natural que as vendas acabem minguando juntamente com os nascimentos. Para o estudo, isso representa a necessidade de a indústria japonesa buscar novos públicos.
Os piratas chineses
O estudo também aponta como uma das razões para as dificuldades da indústria nipônica o imenso mercado “alternativo” desenvolvido na Ásia. Em 2004, por exemplo, segundo dados da IIPA (Aliança Internacional pela Propriedade Intelectual), 96% dos jogos comercializados na China eram piratas — uma realidade que, aparentemente, se torna cada vez mais presente, reduzindo assim drasticamente o comércio de jogos através da Ásia.
A ascensão do mercado ocidentalGostos e tendências próprias da terra do Sol poente
Com o sucesso da fórmula japonesa durante os anos 80, nada mais natural do que exportar produtos para um consumidor enorme e voraz, o ocidente. De fato, em 2007, os mercados europeu e americano representaram 80% dos lucros obtidos pelas gigantes japonesas, com as exportações do Wii assumindo 70% da receita com hardware.
Só que esse cenário também está mudando. Pesquisas recentes mostram que a indústria japonesa de jogos tem perdido expressividade no mercado ocidental. O motivo? O público ocidental é mais voltado para gêneros de ação e esportes, em vez de jogos tipicamente japoneses, como o RPG.
O futuro da indústria nipônicaEntre a inovação e a tradição
A indústria de games japonesa desembarcou no mercado alguns dos maiores clássicos que fizeram parte da infância da maioria dos jogadores. Senão, basta contar: The Legend of Zelda, Shenmue, Street Fighter, Metal Gear, Mario e tantos outros. Por outro lado, a expressão cultural e artística do Japão é um dos seus principais produtos exportados — sendo até mesmo uma das responsáveis pela hegemonia dos games orientais.
Por outro lado, feiras recentes dão indícios de que a indústria por lá continua abraçada à mesma fórmula dos seus anos dourados. Por um lado, as fatias do mercado global vão minguando e, por outro, vê-se os próprios japoneses gastando horas e horas com jogos portáteis... Jogos não necessariamente desenvolvidos em seu país de origem.
Mesmo o Wii, cuja propaganda sempre evocou palavras como “revolução” — que, a propósito, foi o primeiro nome do console, “Revolution” — não tem trazido nada realmente novo há algum tempo. Em um artigo postado no site GamerSyndrome.com, dizia-se que o problema da indústria japonesa é que ela fica tempo demais abraçada a uma mesma fórmula, só saltando para outra quando não há mais jeito.
Ok, talvez a ideia não seja totalmente justificável, já que nós estamos falando de uma indústria notória pelas inovações, e que até mesmo foi capaz de puxar a indústria de games da quase completa obscuridade pós-crash (1984). Entretanto, os números não mentem: se quiser se manter como indústria e cultura hegemônica, é bom que o know-how japonês acrescente algumas boas ideias originadas de um mercado bem mais instável e globalizado.
FONTE:BaixaKiJogos, http://www.baixakijogos.com.br
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